sábado, 29 de janeiro de 2011

Ao Pequeno Príncipe



CARTA AO PEQUENO PRÍNCIPE

Caro pequeno príncipe, já algum tempo quero escrever-te mas não encontrava as palavras porque era muito jovem, uma criança. Não saberia dizer-lhe o que realmente compreendi ao ler o livro, na verdade não entendia o que estava escrito pois somente era uma criança.
Depois de muitos anos te reencontrei você continuava o mesmo, mas eu já não era a mesma, porém ainda com sonhos de criança.
Fiquei fascinada ao reencontrar os mistérios de suas aventuras e descobertas, e sua reflexão sobre a vida de um modo lindo e singelo.
Tenho sonhos como os tinha quando criança e ninguém dirá o contrário porque eles são meus, somente meus. Já tentaram fazer comigo o que fizeram com você na incompreensão do rabisco sobre o papel: “seria um chapéu ou uma jiboia digerindo um elefante?” Nem todos entendem nossas inclinações, nem sequer um simples traço em um papel em branco. Graças a Deus minha mãe já te conhecia e por meio dela te conheci, ela era capaz de identificar aptidões e inclinações minhas e de meus irmãos, nos incentivou a ser músico, escritor, leitor, pintor... Nos ensinou a apreciar a “casa cor de rosa, com gerânios na janela...”cultivar flores no canteiro era mais importante que o ter; o ser sempre foi o essencial. Educar um homem a cultivar o ser ao invés do ter é um dos maiores desafios dos pais.
Príncipe, descobri que os baobás que dia a dia você retirava do seu planeta são o que há em mim ou em qualquer outro, o que impede relacionamento com o próximo ou com Deus, se não arrancado diariamente pode tomar todo o coração como os baobás que ao crescerem destruiria seu pequeno planeta.
Seu planeta, seu mundo, necessita de cuidados de fato e ao menor sinal de crescimento de uma planta ruim, extirpar é uma sábia decisão e exige muita disciplina!
Entretanto dentre as ervas da terra cresceu uma flor única com aparência de fragilidade, ingenuidade e muita beleza. Você se encantou...Você logo percebeu o quanto era bela, vaidosa e exigente, talvez, desanimaste ao ficar perto de sua flor. E por isso desejou partir viajando entre os planetas através de dúzias de pássaros...a procura de conhecimento, de algo mais.
Em cada planeta encontrou pessoas distintas, a começar: um rei orgulhoso, que reinava para si mesmo, de quem não esqueci que “ é preciso exigir de cada um o que cada um pode dar...é bem difícil julgar a si mesmo que julgar os outros. Se consegues julgar a ti bem, eis um verdadeiro sábio”.
Em outro planeta você conheceu o vaidoso, este com sua necessidade urgente por elogios acabou te cansando ao bater palmas para ele por qualquer motivo...nós temos uma gana por receber elogios, desejamos motivação constante parece que só crescemos com isso, na verdade, inflamos “porque os vaidosos só ouvem elogios”! Daí erramos porque esperamos dos homens os devidos elogios, se não recebemos murchamos e culpamos o próximo sem razão. Acabamos vivendo em uma montanha russa se sou motivado sumo a montanha, se nada acontece desço ladeira a baixo. Queremos receber honrarias, aplausos, mas toda honra só é devida a Deus, e Ele mesmo é a motivação maior para o nosso viver, Ele é suficiente para suprir tudo. Nunca espere por homens porque se decepcionará algum dia.
Você também conheceu o beberrão, que bebe para esquecer que tem vergonha como o bêbado camuflamos nossa vergonha diante dos erros, o mais belo seria de cara limpa, sem máscaras, tentar enfrentar o problema, corrigindo os erros ou confessando pecados.
Conheceu também o homem de negócios que só fazia contar e recontar seus milhões perdendo o seu tempo... Querendo sempre ter, comprar, sem na verdade poder, não se dá para comprar estrelas. Vida triste deste que só se preocupa com seus milhões!
Conheceste o acendedor e apagador de lampião, este muito preocupado com as regras, com o regulamento, de forma inflexível deixou de criar alternativas para descansar e então apreciar um pouco do dia. As regras muitas vezes nos oprimem e perdemos a oportunidade de usufruir a beleza da vida. Outras vezes, sim, precisamos delas para executarmos um trabalho, mas podemos agir diferente quando uma regra não dá certo sempre há outras soluções.
...
O último planeta que visitastes foi o meu, que planeta lindo, não?! Primeiro lugar a estar foi no deserto, lá começaste a refletir sobre as questões da vida. Nos desertos da vida repensamos de tudo, e é possível enxergar as estrelas na escuridão. Andando pela Terra descobriu que sua flor era igual a tantas mil outras, você achava que sua rosa era única.
Na Terra, encontraste uma amiga a astuta raposa, mas estavas triste porque sua rosa havia mentido dizendo que era única da sua espécie. Porém para ser amigo da raposa você precisava cativá-la, criar laços. Ela também era exigente de sua amizade, pedindo que a cativasse...para isso seria necessário paciência, e tinha que compreender as atitudes porque a palavra dita é fonte de mal entendidos! E por motivo de sua amizade com a raposa, ela te contou um grande segredo: “ o essencial é invisível aos olhos” o tempo dedicado a tua rosa a fez importante para você. Ela te cativou e você a cativou.
Você percebeu que “deveria ter a julgado pelos seus atos e não por suas palavras”. Você compreendeu que sua rosa era única mesmo tendo tantas mil outras iguais a ela, porque ela tinha lhe cativado, e foi ela de quem cuidou, deu abrigo, tirou as larvas, escutou suas queixas, ouviu gabar-se, ou mesmo viu seu silêncio. E ela te deu amizade, seu perfume - que perfumava todo seu planeta, teu dia era mais feliz ao lado dela.
O pequeno príncipe viajou muito, conheceu várias pessoas, mas nunca deixou de lembrar de sua amada rosa, e se culpou muito por tê-la deixado só e indefesa. Mas ela disse que era “preciso suportar duas ou três larvas se quiser conhecer as borboletas”. A espera do seu príncipe ela suportaria muita dor até um dia quem sabe ele voltar ou chegar outro príncipe para ser seu amigo e aí conseguiria ver novamente as borboletas. Mas acho que você, principezinho, não permitiria, ela era única para ti e você único para ela.
É triste deixar um amigo”.
Espero que outros ao lerem esta carta possam refletir um pouco e quem sabe fazer suas próprias conclusões lendo O Pequeno Príncipe. E aí você quererá escrever uma carta quando encontrá-lo.
Ângela Araújo Costa


Desenho extraído do site http://rvbar.wordpress.com












2 comentários:

  1. Parabéns pela reflexão. Realmente essa literatura é muito interessante, também gosto muito do livro O Pequeno Príncipe,esta é um livro que quero dar para meu filho!!!
    Suas reflexões nos tocam e nos fazem refletir também, Deus sempre te dê sabedoria para que você continue escrevendo.

    ResponderExcluir
  2. A imagem foi extraída do site www.rvbar.wordpress.com.

    ResponderExcluir